domingo, julho 31, 2005

Maringoni


Do Maringoni, na página da Agência Carta Maior

domingo, julho 24, 2005

Estamos perdendo

Nos pronunciamentos sobre os atentados do dia 07/07, Tony Blair afirmou que os ingleses não seriam vencidos pelo medo e a rainha Elizabeth disse que o terrorismo não alteraria o modo de viver dos ingleses. Os discursos em defesa da liberdade foram respostas altivas e de confiança dentro daquilo que o momento exigia. Exortavam a população à retomar as atidades regulares o mais breve possível porque seria a mais eloqüente resposta ao terror. Orgulhosos de seu regime, os ingleses entenderam a mensagem e atenderam a rainha. Só esqueceram de avisar a polícia.
Duas semanas depois, após os novos e felizmente frustrados atentados, a polícia britânica executou (cinco tiros na cabeça não permitem o uso de outro verbo) um jovem suspeito numa estação de metrô diante de alguns passageiros. O Estado de Direito já havia ido às favas quando souberam mais tarde que se tratava de um inocente eletricista brasileiro correndo atrasado para o trabalho.
"Essa tragédia só vem adicionar mais uma vítima ao total de mortes pelas quais os terroristas são responsáveis", declarou o prefeito de Londres, numa frase lapidar para a compreensão das atuais relações entre o Estado e o terrorismo. Na barbárie, a responsabilidade é sempre do outro.
Acreditava-se que o avanço tecnológico e a precisão dos novos armamentos restaurassem a diferença entre os combatentes e os não-combatentes, desaparecida nas guerras do século XX. Com elas os terroristas aprenderam rápido e aprimoraram a disseminação do horror e sofrimento entre os não-combatentes. Por outro lado, o atual conflito no Iraque mostra que os Estados continuam dando o exemplo. O Iraq Body Count calcula que 9% dos civis iraquianos mortos foram vítimas de atentados terroristas, enquanto os 91% restantes foram vítimas das ações das tropas aliadas.
Quando o Estado não respeita as regras que ele mesmo criou nem os valores que defende, fica muito difícil definir o que é terrorismo. Os londrinos provavelmente não estarão mais seguros com fuzilamentos de suspeitos em estações de metrô. A humanidade está em desvantagem e para nossa desgraça, em termos de coerência, os terroristas estão vencendo.

Onde é a cordinha?

Como diz o José Simão, o Brasil é o país da piada pronta. O tesoureiro do PL acusado de receber o misterioso mensalão tem o sugestivo nome de Jacinto Lamas. Fernandinho Beira-Mar foi transferido para Brasília semana passada.
E agora, a provável campeã de 2005.
Não sei vocês. Eu quero descer.

quinta-feira, julho 21, 2005

Poupando trabalho

Notícia no Portal Estadão informa que alguns torcedores do São Paulo colocaram mensagens no orkut (justo onde) comemorando as cenas de vandalismo na Av. Paulista. Mais tarde, depois da publicação, as mensagens foram retiradas e alguns deles se retrataram, alegando inocência.
Os cretinos uniformizados agora usam crachá.
* * *
Tivesse a PM enfrentado os torcedores com água fria ao invés de borrachadas, a Av. Paulista amanheceria florida e perfumada.

quarta-feira, julho 20, 2005

Tutti Funghi Serviço

Confira a entrevista com Sérgio Bianchi, diretor de Quanto vale ou é por quilo? e Cronicamente Inviável, na edição online de Caros Amigos.

terça-feira, julho 19, 2005

Protocolo

Lula está em Taubaté para a inauguração de uma fábrica de celulares. Mas depois da entrevista exibida no Fantástico, ele deveria visitar a velhinha também.

segunda-feira, julho 18, 2005

No alvo

“Há um certo mantra quando o governo não faz o que deveria fazer, que seria, em suma, quitar a divida social e o comentário geral da população, seja o governo federal, estadual, municipal é: existe corrupção. O comentário não é “estamos pagando uma fortuna em juros”, que talvez seja o maior dispêndio do país. Ou se responsabiliza o gasto com funcionário público ou se responsabiliza a suposta corrupção. A explicação para todos os casos, para todo o déficit social do Brasil, se volta para a corrupção, fator absolutamente insuficiente para dar conta disso. Outras questões, como a inserção subalterna do país na economia mundial, são deixadas de lado. Com isso, passamos a ver uma discussão que se move no plano das aparências, mas que não afeta o cerne das questões.”
(Renato Janine Ribeiro, em entrevista concedida à Revista Fórum deste mês)

Olho vivo

Novos elementos subversivos no Brasil. (Fórum dos leitores do Estadão, hoje)

Lígia Márcia Alves de Godoy: “Finalmente, com a invasão feita pela Polícia Federal na Daslu, acaba de ser fundada a República Bolivariana no Brasil!”

João Santos: “Causa revolta e desânimo a forma arbitrária e truculenta como a Polícia Federal, a Receita e a Procuradoria Federal vêm agindo, passando por cima da Constituição, invertendo a ordem, isto é, primeiro prendem e depois produzem a prova, quando o correto é provar a culpa para depois prender. Isso implica em inibir o fomento, novos investimentos que poderiam gerar milhares de empregos e progresso. Mas, como no Brasil do PT-Lula é proibido prosperar, só resta uma opção: virar sem-terra e ingressar no MST, que estes a polícia não ousa enfrentar”.

Últimas

Depois da pesquisa

“Na melhor das hipóteses é um idiota, na pior, um corrupto”.
(Artur Virgílio, o Antonio Roque Citadini do PSDB, atacando o presidente)
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Responda rápido

O que irrita mais: Delúbio Soares afirmando que fazia caixa 2 no PT ou os deputados com cara de nunca ouvi falar disso antes, que horror?
* * *
Pedigree

O deputado da CPI dos Correios mais entrevistado é ninguém menos que ACM Neto.

Do jeito deles

Segundo os idealizadores da teoria do dominó, o Vietnã seria o primeiro de uma série de países independentes que ao se aliar à China provocaria uma onda comunista por toda a Ásia. Para evitar a catástrofe, decidiram envolver os EUA na guerra. Entretanto, se conhecessem a história do Vietnã, saberiam que os vietnamitas lutaram muitos séculos contra a dominação chinesa e não nutriam simpatia pelos vizinhos. Esse e outros aspectos da Guerra do Vietnã podem ser vistos em Corações e Mentes (1974), documentário de Peter Davis, em cópia restaurada por aqui.
Os depoimentos dos veteranos, os argumentos dos think tanks, a situação dos civis, o oba-oba das tropas com as prostitutas, as execuções a sangue-frio são exibidas de uma forma muito crua e aos poucos o documentário mostra como a paranóia anticomunista e o big business contribuíam para encobrir o atoleiro onde tinham se enfiado. E sem apelar para os comentários em off que comprometem Fahrenheit 11/9, de Michael Moore.
Davis também aproxima o discurso nacionalista do Vietnã e a ideologia da independência dos EUA, mostrando as contradições que justificavam a guerra e de quebra nos dá uma chave para entender a maneira estadunidense de compreender a História. A sua e a dos outros. Filmaço.

quinta-feira, julho 14, 2005

Frase da semana

‘Eliana Tranchesi abre sua cela para Caras’

(Daniel Gonçalves, professor, sugerindo capa para a famosa revista semanal)

Filósofos do Dasluminismo

(via Estadão - edição de hoje)

Sidnei Glibas, no Fórum dos Leitores: “Será que é só na Daslu que se sonega, ou melhor, se suspeita que sonega? Lógico que não. Quem não sonega não sobrevive no Brasil. Ninguém quer trabalhar e pagar imposto para ver o dinheiro na cueca ou na mala de alguém.”
(afinal, sonega ou não?)

Roberto Stavale, no mesmo Fórum: “Hoje o enlameado PT joga com a mesma tática de faer inveja a Joseph Goebbles, idealizador da propaganda nazista do 3º Reich. Para esquecermos a corrupção – como mensalões, cuecas recheadas de dólares, malas e sacos de dinheirama faturada com a venda de terrenos no céu para ser lavada nas pias batismais da Igreja Universal do ‘bispo’ Macedo – degustamos também a prisão dos diretores da Schincariol e a devassa promovida nas lojas Daslu, com a detenção de sua proprietária, símbolo das elites que tanto incomodam nossa esquerda festiva, a qual bebe cerveja à vontade e se veste com as melhores grifes.”
(qual a implicância com a cerveja?)

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de Eliana Tranchesi: “A ação parece ideológica, para mostrar que os ricos também vão para a cadeia.”
(sempre achei que a 'ação ideológica no cumprimento da lei' fosse coisa de comunista)

Yara Baumgart, empresária e filósofa: “O que está acontecendo é uma grande revolução. Parece que o PT está tão enraivecido que decidiu atacar o coração da elite brasileira.”
(tomara, D. Yara. Tomara)

Bia Dória, embaixadora da grife Dior no Brasil: “Enquanto existirem tantos impostos, é impossível declarar tudo.”
(deve ser isso que chamam de presunção de inocência)

César Giobbi, colunista social: “Foi a vez da Daslu, o templo do luxo, contra o qual é represado o ódio da esquerda mais radical.(...). O afã de levantar poeira para desviar a atenção das mazelas do governo Lula e do PT são evidentes. A cada novo lance, uma resposta imediata, para jogar todo mundo numa vala comum.”
(igualzinho, igualzinho)

Com uma imprensa como a nossa é muito fácil dizer que a ação da PF na Nova Jerusalém, digo, Nova Daslu tenha a intenção de abafar a crise política. A cobertura de dois eventos de pesos tão similares divide mesmo as atenções.

Terra fértil

Não deixa de ser curioso que para salvar a legenda tenham escolhido para presidente do PT um gaúcho de São Borja.

Na frente

Parte importante da pesquisa CNT/Sensus que os jornais não publicaram. (trecho da matéria da Agência Carta Maior)

O maior desestímulo que a pesquisa traz a FHC é seu índice de rejeição, uma vez que 58,1% dos entrevistados afirmaram que não votariam no ex-presidente “de jeito nenhum”. Nesse ponto, Lula obtém importante vitória simbólica contra seu rival histórico, pois o índice de rejeição do petista, de 30,8%, é o menor entre todos os presidenciáveis. O vice-campeão da rejeição é Garotinho, com 57,9% de índice, seguido por Cesar Maia com 55,4%, Aécio com 42,5%, Serra com 42,4% e Alckmin com 39,3%.

quarta-feira, julho 13, 2005

Dois cinemas e uma fita

Batman Begins

Batman não tem um metro e vinte, nem seu uniforme tem mamilos. Gotham City não fica parecendo uma balada no Madame Satã. Não mataram os vilões. Gary Oldman faz papel de gente normal...
Pensando na quantidade de besteiras que já se fez a respeito do Batman, é um grande filme.

Nicotina

A trama e a maneira como os personagens entram na história são bem articuladas. Também tem diálogos criativos. É bem divertido. Mesmo com aquela impressão de reprise.

A insustentável leveza do ser

Tomas, um canastrão; Tereza, ingênua demais; Sabina, mulher fatal. Salvo pelo elenco e pelas cenas da invasão soviética (realmente emocionantes). Leia o livro.

sexta-feira, julho 08, 2005

Contas do poder

Considerando que para a aprovação da emenda da reeleição alguns deputados tenham custado R$ 200 mil e atualmente os deputados custem R$ 30 mil/mês em votações importantes, pergunta-se: a economia resultante deve ser levada em conta no cálculo do superávit primário?

segunda-feira, julho 04, 2005

Handicap

Em entrevista à revista Exame desta quinzena, Dom Fernando aconselhou Lula a não se candidatar a reeleição. Ou seja, o medo quer vencer a esperança por W.O.

domingo, julho 03, 2005

Recomendações

Visitem o blog do Paulo Markun. Num momento como esse, um pouco de sobriedade não faz mal. Destaque para o texto de 21 de junho no qual comenta a entrevista de Roberto Jefferson no Roda Viva.
Dica: melhor não ler os comentários que as crianças deixam lá. Repito, melhor não!

Bem falado

O entendimento é um dos temas de Um filme falado do diretor português Manoel de Oliveira que está em cartaz faz algum tempo por aqui. Conta a história de uma professora de História (Leonor Silveira) que faz um cruzeiro com a filha, visitando diversas regiões importantes para a cultura ocidental (Marselha, Nápoles, Atenas, Istambul). Em todas elas, a professora ensina a curiosa menina, e ao espectador, um pouco sobre história e sobre tolerância.
Há uma cena fantástica na qual algumas personagens, uma francesa (Catherine Deneuve), uma grega (Irene Papas), uma italiana (Stefania Sandrelli) e um americano (John Malkovich), conversam cada qual em sua língua e todos se entendem maravilhosamente. A única a se expressar em uma língua diferente da sua, porque, convenhamos, português ninguém entende, é a personagem de Leonor Silveira.
Manoel de Oliveira defende um ideal internacionalista e de uma maneira extremamente criativa nos lembra que, para além de toda a diferença, estamos todos literalmente no mesmo barco.

Legenda

Trechos da entrevista de Chico Buarque concedida ao espanhol La Vanguardia e publicada esta semana por aqui:
Uma vida rodeado de mulheres.
Sim, irmãs, filhas, netas.
(...)
Sempre fugiu da fama?
Não, participei de festivais e busquei o reconhecimento para meu trabalho. Mas logo aparece a fama boba, oca, que é a sombra do reconhecimento e que fala se o artista está gordo ou com quem vai para a cama.Há 40 anos não era assim.
(...)
Por que teremos chegado a esse ponto?
Nunca vi um movimento geral de idiotice como o de agora.Mas em meu país, de 15 anos para cá, vem crescendo perigosamente. A idiotice nos rodeia, eu mesmo tenho medo de me tornar idiota...
(...)
Falemos de épocas mais intensas.
Não sou nostálgico, não penso que éramos mais bonitos, mais magros e mais felizes, embora tudo isso seja verdade. Não me agrada recordar nem os anos 60 nem os 70, dos 80 não me lembro, e nos 90 começou a idiotice. Nunca estive de acordo com o que me cercava. Me agrada estar vivo, fazer as coisas em meu ritmo, sem pressões.
(...)
Para quem escreve as letras de suas canções?
São 'cantadas' para mim mesmo: é formidável, experimente, diga-se coisas bonitas. Me lembro de Vinicius de Moraes, que quando viajava sozinho e tinha sonhos se cantava canções de ninar e passava a mão no rosto até adormecer. Eu tentei e não funcionou.
(...)
Como é a sua mãe?
Tem 95 anos e repete constantemente, 'Juízo e alegria!', e eu lhe digo: 'Mamãe, ou juízo ou alegria.' Meu pai era um sonhador e ela equilibrou seu lado boêmio, impunha a disciplina mas com muito sentido de humor, com isso: com juízo e alegria. Sete filhos!

sábado, julho 02, 2005

Sem Legenda


(Valéria Gonçalvez/ AE)