quinta-feira, setembro 29, 2005

Duas

Respiro
Com a eleição de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara dos Deputados, PSDB e PFL aprenderam uma lição há muito aprendida pelo PT: quando um governo está de joelhos, já deu o primeiro passo para a realização de um milagre.
Obrigação
(para Frida Helena - aniversariante da semana)
Atormentar dirigente de futebol não é chutar cachorro morto. Esse tipo de cachorro é bem vivo. Vamos chamar de civismo.

segunda-feira, setembro 26, 2005

Cutucando

Para Márcio Braga presidente do Flamengo, um histórico sumário da carreira do desconhecido Carlos Tevez, 21 anos, atacante do Corinthians:

  1. 4 títulos em pouco mais de 3 anos atuando pelo Boca Juniors: torneio Abertura (campeonato argentino), Taça Libertadores da América, Copa Intercontinental (todos em 2003) e a Copa Sudamericana (2004);
  2. Integrante das seleções juvenis da Argentina desde os 15 anos; conquistou o Sulamericano Sub-20 em 2003;
  3. Na seleção principal de seu país, conquistou o Pré-Olímpico do Chile; a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e artilheiro da competição com 8 gols;
  4. Vice-campeão da Copa América realizada no Peru;


Esses dados são conhecidos por interessados, amantes ou especialistas em futebol. Como não é o caso de Márcio Braga, está perdoado.

terça-feira, setembro 20, 2005

Ingratidão

Os depoentes e deputados têm castigado a língua portuguesa nos depoimentos, pronunciamentos e entrevistas concedidas nos últimos meses. Mas enquanto prestamos atenção na concordância nominal e verbal e outras ortodoxias mesquinhas, deixamos de reconhecer o zelo com que procuram ampliar nosso vocabulário.
Quantas vezes você já tinha ouvido a palavra ilação na sua vida? E a conjugação do verbo repelir em primeira pessoa do singular no Presente do Indicativo? Proxenetas? E em horário nobre!
* * *
(do Dicionário Barsa da Língua Portuguesa)
Inquerir: v. tr. dir. Apertar a carga dos animais; arrochar.
Inquirir: v. 1. Tr. dir e tr. ind. Indagar, perguntar; pedir informações sobre, pesquisar. 2. Tr. dir. Interrogar judicialmente (testemunhas). 3. Intr. Tomar informações.
Não é nada, não. É que talvez o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) não saiba a diferença.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Confete

Gostaria de agradecer a Renata por todas as sugestões, comentários e o suporte nas modificações sofridas pelo Tutti Funghi e agora também no Quase Dois Irmãos (em parceria com o ilustríssimo Zé).
Ela é indiretamente responsável por parte das boas risadas desse interminável 2005.
Muito obrigado!
E palmas pra ela!

quarta-feira, setembro 14, 2005

Curtas

Decisão difícil

A Câmara pode, ao selar o destino político de Roberto Jefferson, dar impulso a uma nova carreira artística. Se perder o mandato hoje, o deputado promete virar cantor. Independente do que ocorrer, já sabemos quem perde.

Très chic
Novo produto da pauta de exportações brasileiras: vocabulário.

Pour avoir trop “malufé”, les Maluf sont et prison
(manchete do Le Monde, dia 13.09.2005)

terça-feira, setembro 06, 2005

Intensivão

Acompanhar a tragédia do Katrina pela imprensa equivale a um mini-curso de história dos Estados Unidos. As diferenças sociais e raciais, o papel das autoridades, o caráter épico-religioso, a excepcionalidade e outras características da história e da sociedade estadunidense escorrem pelos dedos na leitura do jornal.
Antes da catástrofe, obedientes cidadãos atenderam prontamente aos apelos das autoridades e saíram das cidades prestes a serem atingidas pelo furacão. Aqueles que não deixaram suas casas, pessoas pobres que não tinham dinheiro ou para onde ir, foram consideradas imprudentes. Em meio a destruição, os brancos procuravam alimentos para saciar a fome; os negros saqueavam os supermercados. Um Estado inepto decretava lei marcial para conter a barbárie enquanto oferecia alojamentos sub-humanos para os sobreviventes. Depois que o prefeito exigiu ação, o prestimoso presidente ofereceu cifras astronômicas. Agora, ao passo que os desafortunados fogem, os heróis retornam do dramático êxodo. Ou como escreveria Mino Carta, perdão, Êxodo.

quinta-feira, setembro 01, 2005

Sobre Chaui

Trecho
O artigo de Sérgio Augusto, publicado no caderno Aliás do Estadão do último domingo, merecia citação na íntegra. Mas por falta de espaço, seguem apenas os dois últimos parágrafos:

“Nem sequer ao longo das conferências de Chaui a crise do PT foi deixada no freezer. Sutis alusões ao presente, só não percebidas pelas mentes rombudas, enriqueceram seu paralelismo entre Sartre e Merleau-Ponty. Para publicações à cata de declarações bombásticas, nada mais decepcionante do que ouvir uma intelectual falar de forma alusiva (Montesquieu não fez isso?) e reivindicar seu direito ao silêncio enquanto nada de original tem a dizer. Chaui não quer dar opiniões, tão-somente, mas oferecer uma análise à altura de uma pensadora, tarefa que requer serenidade e uma compreensão menos lacunar do que está acontecendo.
Ela, a rigor, não fugiu da raia, não calou o bico. Questionou o 'erro de timing' do governo, a escolha de prioridades erradas e as alianças espúrias a que se submeteu. Deixou claro que, enquanto não houver reforma política, 'continuaremos gritando contra a corrupção e o mau-caratismo dos políticos, mas não resolverá nada'.Falou mais e melhor do que falaria, por exemplo, a atriz Maitê Proença, a 'filósofa' de plantão da Época.”
Música
Chico Buarque disse semana passada que não pretende compor um samba para o mensalão. Para ninguém acusá-lo de silenciar sobre a crise, apresento uma modesta contribuição.
Geni e o Zepelim (versão funghi/2005).
Joga pedra na Chaui
Joga pedra na Chaui
Ela quer filosofar
Ninguém está disposto a ouvir.
Ela vota no PT
Maldita Chaui

Má vontade

Na última terça-feira, o programa Observatório de Imprensa analisou o papel dos blogs na cobertura da crise política. Elogios para a revolução que os blogs trouxeram à parte, há um certo receio de que eles possam substituir as tradicionais matérias jornalísticas. Segundo alguns debatedores, os blogs levam vantagem porque são mais ágeis na apuração dos fatos e tem um alcance maior, além de permitirem a participação imediata do leitor. Tudo que os jornais deveriam fazer.
A falta de credibilidade da imprensa explica tal receio e a comparação entre meios qualitativamente distintos é a mais completa constatação da tragédia. Qualquer maníaco conectado à rede pode fazer um blog jornalístico, inventar notícias, dar furos e espalhar boatos; nada muito diferente do modelo jornalístico predominante no Brasil. O blogueiro ainda tem em comum com muitos jornalistas o fato de não precisar abandonar seu computador para publicar os textos. Como ninguém apura nada e o ar-condicionado das redações impede o trabalho duro, muitos jornalistas transformaram-se em blogueiros de luxo.
Entretanto, autocrítica não é o esporte preferido da categoria. Muitos recalcados decidiram apontar os canhões para outro lado, pegando carona no ciclo de debates sobre o “silêncio dos intelectuais”. Os intelectuais continuam falando, escrevendo e atuando. Ainda têm menos espaço e são minoria pois para cada Marilena Chaui temos cinco ou seis articulistas superestimados, deslumbrados e semi-alfabetizados. Agora que culpa têm os intelectuais se os jornalistas não sabem ler?