terça-feira, outubro 31, 2006

Acachapante

Diversos artigos hoje sobre a eleição e dentre os muito bons, vale a pena esse do Marcos Coimbra do Vox Populi.
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Alckmin realizou a façanha de perder 2,5 milhões de votos no 2º turno, enquanto Lula, com os 58,3 milhões de votos de ontem, obteve a maior votação de um presidente no Ocidente (o recordista anterior era Ronald Regan, com 54,5 milhões de votos em 1984). E teve gente perguntando se Alckmin iria contestar a vitória de Lula na justiça eleitoral.
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Alguns ficaram mesmo muito abatidos: o Estadão publicou a mesma foto de Guido Mantega e Henrique Meirelles duas vezes hoje, nas páginas 5 e 7 do caderno especial sobre as eleições. E o âncora atrapalhou-se todo na apresentação do Jornal da Globo agora à noite, atropelou a jornalista com quem divide a bancada e não conseguia disfarçar o mal-estar.
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O PFL demonstra mais uma vez a importância do amamentação: parou de mamar, não cresce. Na verdade, alguns pefelistas já perceberam que a aliança com o PSDB deu o que tinha que dar. Mesmo porque o deslocamento do tucanato para a direita empurra o PFL para fora do cenário político nacional. Elegeu menos deputados que em 2002 e apenas um governador, José Roberto Arruda no Distrito Federal. Não à toa, um ex-tucano.

domingo, outubro 29, 2006

Passamento de Inês

Marco Aurélio foi o nome da eleição. O Mello pela bobagens ditas; o Garcia pelas evitadas.
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Existem canalhas em qualquer lugar. Na família, entre os vizinhos, entre os amigos, no trabalho, na rua, no restaurante, no governo, no espelho – ninguém está totalmente livre do convívio com um canalha. Os canalhas mais preparados têm desculpas na ponta da língua para justificar suas canalhices. E há sempre gente honesta defendendo canalhas, talvez apenas porque faz parte da mesma família, mora no mesmo prédio ou tem a mesma profissão que o canalha e teme ser confundido com ele. Compreensivelmente quer evitar generalizações.
Mas não exagera, Dines. Não exagera.
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Magalhães, Sarney... 2006 não foi um bom ano para as dinastias políticas do país. Com exceção de São Paulo, claro, que mantem a sua firme e forte.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Pois é

Surya, parece que Alckmin não vai ganhar a eleição e portanto nunca vamos saber se ele está, em bom tucanês, faltando com a verdade. Suas promessas de acabar com a reeleição e não privatizar as estatais restantes seriam difíceis de engolir ainda que as registrasse em cartório, dada a relação esquizofrênica que o tucanato mantêm com o que eles mesmos escrevem.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Assim é se lhe parece

Os tucanos comemoram o desempenho de Alckmin no debate como se ele houvesse derrotado Lula e não precisasse mais haver eleição. Seria o ideal, claro, mas temos que ir devagar e respeitar o mínimo de protocolo, gente. Como por exemplo no caso de abertura de um processo de impeachment, que misteriosamente desapareceu do bico tucano-pefelista desde que Alckmin assegurou a realização de segundo turno.
As comparações entre o debate e uma luta de boxe também são injustas. Em primeiro lugar, porque o boxe é a "nobre arte" e depois da anunciada aposentadoria de Popó o esporte já sofreu baixas demais nessa semana e por isso merecia mais respeito dos analistas. Entretanto, se querem mesmo enveredar pelo tortuoso caminho, não custa lembrar que Alckmin já havia sido chamado de Desafiante pela prestidigitadora Veja, revista que se comporta como o Don King do candidato. E se realizado semanas atrás, poderíamos ter confundido o debate da Band com o The Contender transmitido pela Rede TV. Não pelo boxe, mas pela dublagem ruim do tal desafiante.
Por fim, aqueles que se surpreenderam com o comportamento agressivo de Alckimin nunca prestaram muita atenção nele. Alckmin sabe que aquele discurso de padre de paróquia adotado no primeiro turno não vai tirar a diferença de votos contra Lula. Mas se engana quem pensa que ele se esforça para fazer o papel de brucutu. Quem teve Tiranossaulo como secretário de segurança pública dispensa apresentações.

domingo, outubro 08, 2006

Debate

Faltam 10 minutos para começar o debate. Mas já dá para imaginar como será.

terça-feira, outubro 03, 2006

Delegado fotógrafo

... e os jornalistas amestrados:

Silêncio absoluto sobre as circunstâncias do vazamento das fotos do dinheiro. Exceções: matéria da Carta Capital (Duas trincheiras) e um artigo do Luiz Weis no Observatório.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Faltou falar

Plano B: como se lê nos textos da Surya e da Anna, Bahia (Jaques Maravilha!) e Buenos Aires também são opções viáveis.
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Frase do dia, ainda pensando na contribuição que SP deu à Câmara neste ano:
"Democracia é aquela forma de governo em que todos têm o que a maioria merece"
James Dale Davidson

Outubro sem fim

Respire fundo! Fale um palavrão! Isso! Melhorou? Não? Fale outro! Mais alto! E agora? Ótimo! Então relaxe, sente-se, aproveita que a Lei Seca já terminou e peça uma para o garçom. Tem fósforo?
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Tarso Genro diz que a "refundação" do PT é uma necessidade. Comecemos pelo bordão do João Ferrador: "Hoje eu não tô bom!"
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Como disse o Renato Janine na Folha de ontem, eleição não é a luta do bem contra o mal. Não se deixe abater. Desânimo, não! Ainda estamos melhores que as crianças, que por causa do segundo turno vão continuar sem televisão mais um mês.
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O Chico de Oliveira deu uma entrevista há cerca de dois meses na TV Cultura (que hoje mais parece um puleiro de tucanos), quando Heloísa Helena havia alcançado seu maior índice nas pesquisas, e disse que com ressentimento não se faz nada em política. Claro que se referia principalmente ao PSOL, mas também à boa parte dos petistas que insistiam em algumas críticas um tanto desonestas contra a mulher - e concordei com ele. Conversando com meu irmão nesta tarde, cheguei a conclusão de que essa eleição será decidida pelos ressentidos, o que não é um prognóstico animador.
Para ganhar a eleição, Lula, o PT e seus militantes precisam conquistar os votos dos eleitores do PSOL e de Cristovam Buarque que se ressentiram com o governo pelos motivos corretos. O governo deve buscar acordo e assumir determinados compromissos se quiser continuar governo. Falta de humildade e auto-sabotagem já custou o primeiro turno. Quanto aos que se ressentiram com o governo pelos motivos menos louváveis, pode esquecer. Já estão contabilizados para o adversário.
Vai ser uma tarefa difícil.
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Texto para o eleitor de outro Estado que inadvertidamente passar por aqui:
Piedade! Aqui na província já temos o PFL na prefeitura, o PSDB no governo do Estado... Não permita que Alckmin seja o próximo presidente, por favor! Sei que nós não estamos em condições de exigir nada. Fomos maus e agora o país inteiro terá que conviver com Maluf, Clodovil, Celso Russomano e Enéas na Câmara dos Deputados. Confio em seu discernimento; o nosso já perdemos. Impeça a "locomotiva do Brasil" de nos levar e imploda os trilhos, eleitor brasileiro! Perdão! Seja magnânimo!
Muito bem, todos de pé.

domingo, outubro 01, 2006

Leituras no domingo de eleição

Mais importante do que a apuração e o resultado das eleições amanhã, quando saberemos se haverá segundo turno na disputa presidencial, será a entrevista coletiva do delegado Edmilson Bruno.
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Independente do que ocorrer, Lula consolida seu papel de figura política mais importante desde a chamada redemocratização. De 1989 até aqui, as campanhas presidenciais foram o embate entre Lula e o anti-Lula, com ampla vantagem para esse último. A Era Lula representa um período muito maior do que seu mandato. Nem que seja pelo negativo.
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Hoje, os jornalões da província tentam o desfibrilador na campanha pelo segundo turno. Resta saber se funciona.
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Na faculdade, tive a oportunidade de ouvir o professor Leonel Itaussu algumas vezes. Além de observador extremamente lúcido, suas colocações costumavam ser muito bem humoradas. O professor concedeu entrevista ao Terra Magazine hoje:
Como as denúncias de corrupção durante o mandato de Lula afetaram a imagem do presidente?
As denúncias de corrupção atingiram setores expressivos do PT, mas não respingaram na imagem que a opinião pública faz do presidente. Em nenhum momento se registrou queda da popularidade dele. O PT, como filho do Lula - o presidente ajudou a fundar o partido - acabou assumindo uma outra cara, a do filho mal-educado que vive fazendo traquinagem, batendo o carro do pai, chegando em casa depois da meia noite, bebendo mais do que deve e cantando a mulher do vizinho.
A entrevista completa aqui.
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Minha escolha para melhor leitura sobre eleições é O dia de um escrutinador, de Italo Calvino.