quinta-feira, julho 10, 2008

Inveja

A Internet andava bastante modorrenta até a prisão de Dantas, Nahas e Pitta. Precisamente, o país andava modorrento. O noticiário banho-maria vinha apresentando dados sobre a inflação e, em certa medida, espalhando um bocadinho de pânico entre a população. A preocupação, como sempre, se justifica, mas serenidade vai bem. Conta-se que 30% da população da Europa ocidental morreu vitimada pela peste negra. Dá para imaginar na mesma época, com o tipo de cobertura que temos, o dobro de mortos - não apenas por questões estatísticas, mas também pelo número de pisoteados em fuga. Mas voltemos ao assunto.
Permitam o clichê: Nunca antes na história desse país uma prisão provocou tanta comoção. De Norte a Sul, é um fenômeno inacreditável. A lista de nomes que saíram em defesa de Dantas e/ou condenaram sua prisão merece figurar em qualquer coluna social que se preze. Tem que dar capa na Caras.
Não é para qualquer um. Amigos espalhados em todas as esferas de poder, em todos os partidos políticos, nos principais órgãos de imprensa, esquerda e direita preocupadas. Por essas e principalmente por outras, invejo o Daniel Dantas. Eu queria ser o Dantas. E, nessa altura, a última coisa que eu queria era ser amigo dele.

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E melhor, a repercussão rendeu textos muito bons. O Idelber fez um ranking e escreveu um post engraçadíssimo sobre a lista de colunáveis. O Verissimo, claro. E o José Simão se superou.

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Cansado de ser chamado de "amigo de Daniel Dantas", o senador Heráclito Fortes disse que "renuncia o mandato se aparecer uma conta, uma aplicação em qualquer paraíso fiscal". Mais uma Opportunity para a PF.

quarta-feira, julho 09, 2008

PF Fashion Week

As críticas em relação à espetacularização das ações da PF procedem, mas poderiam incluir que a falta de pudor dos agentes federais não é acompanhada pelo excesso de zelo dos agentes de mídia. E cá entre nós, é bem interessante ver três figuras de porte serem presas assim à sacolada. Interessante não; exótico.
Lula vem pedindo que a PF evite mostrar gente algemada e, segundo o Estado, Tarso Genro se irritou ao saber que Celso Pitta foi filmado de pijama no momento da prisão. Concordo com ambos. É desagradável para todo mundo. Minha sugestão é que a PF produza uma mantilha especialmente destinada a cobrir os pulsos dos algemados e poupe os momentos mais constrangedores. Tenho até um nome para a peça: xalindró.
Outra forma da PF promover suas ações seria a edição de um guia gastronômico aos moldes do Michelin, com estrelas e tudo, sobre os restaurantes mais procurados pelos investigados para as tentativas de suborno dos agentes federais. Assim, para aquelas pessoas que procuram algo além de um jantar num restaurante sofisticado, ficaria a indicação de locais aconchegantes, reservados, mas com aquele clima de suspense no ar.
Com essas medidas, a PF poderia até dar razão aos seus críticos, mas ao mesmo tempo poderia reverter uma imagem negativa junto aos figurões ao criar sua própria grife e aumentar seu porcentual de share entre a população menos favorecida e aterrorizada pela PM e pela Polícia Civil. As ações da PF logo seriam auto-sustentáveis e o governo economizaria uma nota.

sexta-feira, julho 04, 2008

Semelhanças e coincidências


Blog é um bom lugar para dividir impressões. Costumo poupar as pessoas das minhas por causa daquilo que os franceses chamam esprit de l'escalier, ou seja, aquela frase ou pensamento que ocorreu tarde demais. Algumas vezes aparece tão mais tarde que o contexto se perdeu totalmente e o comentário já não faz o menor sentido. Por outras, o pensamento fica aguardando a ocasião, pois a bobagem também precisa de pretexto. Quando o pensamento e a ocasião se encontram, temos um post.

Por exemplo: sempre achei o Álvaro Uribe muito parecido com o Robin do seriado dos anos 60.


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Na mesma semana em que a Suprema Corte da Colômbia julgaria a legalidade da emenda de 2004 que permitia a reeleição; em que Álvaro Uribe propôs um referendo sobre a repetição das eleições de 2006 (vencidas por ele); e em que o candidato republicano John McCain visitou o país; Ingrid Betencourt foi libertada após seis anos em cativeiro nas mãos das FARC.

Santa Coincidência, Batman!