segunda-feira, dezembro 12, 2005

Do baú

Em novembro de 2000, a extinta revista República trouxe uma entrevista com Mino Carta por ocasião do lançamento de seu livro O Castelo de Âmbar. Como sempre, Mino desfechou ataques ferinos aos barões da imprensa brasileira.

"Como não tenho raiva do velho Frias (Octávio Frias de Oliveira, da Folha de S. Paulo), colaborei com a Folha em duas oportunidades, e ele sempre teve comigo um comportamento impecável. Tenho problema com o Otavinho (Otávio Frias Filho) porque o Otavinho é uma besta, um ser subdoloso e eventualmente mau. São tantos recalques nele que ele pode ser muito mau."

Frias Filho se manifestou sobre a frase e, na mesma edição, o trecho da matéria que introduzia a entrevista trazia o seguinte comentário dele: "Não tenho respeito moral nem intelectual por Mino Carta, que considero uma mediocridade emplumada. A obsessão desse sujeito comigo é assunto para psiquiatras".

Na edição de dezembro de 2000 da também extinta(mas essa infelizmente) Bundas, Mino Carta concedeu uma entrevista na qual explica que a origem de seus problemas com Frias Filho se deu em uma mesa redonda da SBPC da qual participaram, quinze anos antes. Ele afirmara que um dos problemas do jornalismo brasileiro era a presença de diretores de redação por direito divino. Segundo ele, não teve a intenção de ofender Frias Filho, mas apenas chamar a atenção para uma prática brasileira que não existia na imprensa de nenhum outro lugar do mundo.

Tempo depois, Frias Filho publicou um artigo afirmando que Mino tinha algum "problema psiquiátrico". Mino respondeu em o Diário do Grande ABC, mas seu artigo foi censurado. Conta ele:

"Tendo a crer que o foi por causa do senhor Otavinho. Eles devem ter ligado para ele, como fizeram agora meus entrevistadores na revista República. Quando se fala de caras da comunicação, eles ligam. Eu já vi entrevistas que tinha resposta na edição seguinte. Lógico, evidente. Mas contemporaneamente? Eu dei a resposta e eles ligaram e perguntaram: 'Otavinho, o que você tem a dizer a respeito?'

Procuraram o Roberto Civita (*), que disse uma besteira qualquer. Agora o outro, não. Voltou à carga e disse que 'não tem respeito intelectual nem moral' por mim, que eu sou um 'intelectual emplumado'. Acho que quanto ao respeito intelectual ele tem toda a razão, eu mereço isso. Agora moral? Não dá.

Ziraldo [provocando]: Pois é, mas você falou que ele era uma besta.

Mino: Mas não uma besta porque ele seja um cretino. Não acho que ele seja um cretino. Falei uma besta, assim, como quando a gente diz [largado, espontâneo] 'aquele cara é uma besta!' Mas é um cara que dá nota todo mês aos repórteres, e afixa num quadro. É de uma maldade sublime. Todos os rapazes que chegam perto dele e galgam postos, e tal, ele acaba devorando. Todos, todos."

(*) Roberto Civita também é citado na entrevista de República.


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