segunda-feira, janeiro 23, 2006

Lá e cá

Sérgio Augusto escreveu um artigo muito bom (redundância, redundância) chamando a atenção para o comportamento da imprensa a respeito da eleição de Evo Morales. Citou um artigo do neoconservador David Brooks e um editorial do NYT que saudavam a eleição de Morales, e um comentário de Carlos Alberto Sardenberg ("brasileiro, sem sangue índio, aparentemente mais seguro do que a CIA sobre o que sucederá na Bolívia a partir de amanhã") que prevê a aliança de Evo, Fidel e Hugo Chávez, o horror, o horror. Para quem nunca se interessou pela Bolívia, os mais realistas que o rei estão muito preocupados.
E quem fica feliz com a posse de Evo Morales e a vitória de Michelle Bachelet descobre duas páginas depois que Cavaco Silva foi eleito presidente de Portugal no primeiro turno e que as eleições parlamentares no Canadá devem levar um simpatizante de George Bush ao cargo de primeiro-ministro. É verdade que nada de muito significativo acontece por lá, mas não poder confiar nos canadenses assusta um pouco.

sábado, janeiro 14, 2006

Tudo sob controle

As afirmações do secretário de Segurança Pública de São Paulo sobre os ataques contra bases comunitárias da PM são lapidares. Saulo Abreu comentou que o destino dos autores do atentado será "cadeia ou IML" e não acredita que os ataques tenham sido provocados para desestabilizar a campanha eleitoral do governador Alckmin à Presidência da República.
"Cadeia ou IML" sempre foram as opções da política de segurança pública em SP e a constatação do secretário não traz nenhuma novidade escandalosa. Por isso ninguém notou a falta de serenidade no comentário.
Gostaria de lembrar que pelo menos três pessoas morreram na série de atentados(um policial e dois criminosos), a PM acuada e disposta a tudo aumenta a sensação de insegurança e os baixos investimentos no setor reforçam a solução mais violenta.
Quanto ao mais importante, pode ficar tranqüilo secretário. A campanha eleitoral continua firme e forte.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Poucas e boas

Para quem gosta de antologias de frases, Carta Capital nos fez o favor de publicar Frases Capitais 2005 em edição de bolso com as frases do ano que já foi tarde. Com apresentação de Nicolau Sevcenko e a promessa de tranformar o projeto em publicação anual, temos uma amostra daquilo que melhor se produziu no pensamento ocidental.
O grande campeão é Severino Cavalcanti. Alguns pensamentos da ilustre figura são verdadeiros achados. Duas da imensa lavra: "Ah! Esse aqui é o dono do Brasil." - ao ser apresentado a Lázaro Brandão, presidente do Bradesco. "Oposição? Tá doido? Eu gosto é de governo".
Lula também não deixou por menos e nos brindou com algumas pérolas. Uma delas de uma profundidade anti-sartreana pouco percebida então: "O problema do Brasil não são os outros, mas nós mesmos".
A coletânea está dividida em áreas e além de política abrange economia, mundo, variedades, esportes e cultura. Nessa última, a frase de Daniel Baremboin, maestro argentino-israelense, talvez seja a mais significativa numa época tão esquisita quanto a nossa: "Judeus e árabes são iguais ante Beethoven". Bem, pelo menos é a que mais gosto.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Duas

Moitas
José Serra pode desocupar e deixar Gilberto Kassab em seu lugar fazendo o que um pefelista faz como ninguém. César Maia acena com a possibilidade de desocupar, mas quem acredita? Garotinho está doido de vontade de desocupar. Geraldo Alckmin deu até prazo para desocupar. Lula não sabe ainda se desocupa. E a gente aqui, esperando.
Frases
Se frases como "Não serei candidado por W.O." tornarem-se recorrentes numa eventual eleição de Geraldo Alckmin à presidência, seus assessores já elaboraram a justificativa política: herança maldita.