sábado, janeiro 13, 2007

Um país admirável

Enquanto no país do "tá tudo certo" os crimes praticados pelo Estado durante a ditadura militar são vistos como excessos e as tentativas de investigação são desdenhadas como revanchismo, os processos contra os responsáveis por crimes de Estado cometidos durante a ditadura na Argentina são conduzidos com firmeza.
Não contente, a Justiça argentina passou a investigar as graves violações aos direitos humanos durante o governo civil que antecedeu a ditadura e ontem emitiu um pedido internacional de captura, solicitando a detenção de Isabelita Perón em Madri. Ela é acusada de terrorismo de Estado durante o período em que esteve na presidência(1974-1976).
A louvável medida, seguida pela tradicional 'invejinha', reafirma a disposição do país em ajustar contas com seu passado recente. Mas o que também me deixou bastante admirado foram as circunstâncias em que Isabelita Perón chegou ao poder e as características do seu governo.
Quando conheceu Perón, Isabelita era dançarina de cabaré. Casou-se com Perón na Espanha e em 1973 tornou-se vice-presidente da Argentina. Com a morte do presidente-marido, em 1974, assumiu a presidência e durante os 20 meses em que ficou no poder o governo deu uma guinada à direita. Contou com a inestimável ajuda do mordomo de Perón nos tempos de exílio, astrólogo, ministro da Ação Social e fracassado cantor de ópera, José Lopéz Rega, conhecido como "O Bruxo". Lopéz Rega liderava o grupo paramilitar Tríplice A responsável pelas perseguições e assassinato de mais de 900 pessoas. Segundo a Justiça que agora investiga os crimes, o grupo seguia autorização de Isabelita Perón para a "aniquilação" dos chamados movimentos subversivos.
Apesar de toda essa história e nunca termos corrido sério risco de termos, sei lá, a Virginia Lane na presidência, é o Brasil que continua não sendo um país sério.

2 comentários:

Anônimo disse...

Corrige aí esse "autroziação".

Anônimo disse...

No governo collor (em minuscula, mesmo!), corremos o risco de entrar na "raia".