quinta-feira, setembro 01, 2005

Má vontade

Na última terça-feira, o programa Observatório de Imprensa analisou o papel dos blogs na cobertura da crise política. Elogios para a revolução que os blogs trouxeram à parte, há um certo receio de que eles possam substituir as tradicionais matérias jornalísticas. Segundo alguns debatedores, os blogs levam vantagem porque são mais ágeis na apuração dos fatos e tem um alcance maior, além de permitirem a participação imediata do leitor. Tudo que os jornais deveriam fazer.
A falta de credibilidade da imprensa explica tal receio e a comparação entre meios qualitativamente distintos é a mais completa constatação da tragédia. Qualquer maníaco conectado à rede pode fazer um blog jornalístico, inventar notícias, dar furos e espalhar boatos; nada muito diferente do modelo jornalístico predominante no Brasil. O blogueiro ainda tem em comum com muitos jornalistas o fato de não precisar abandonar seu computador para publicar os textos. Como ninguém apura nada e o ar-condicionado das redações impede o trabalho duro, muitos jornalistas transformaram-se em blogueiros de luxo.
Entretanto, autocrítica não é o esporte preferido da categoria. Muitos recalcados decidiram apontar os canhões para outro lado, pegando carona no ciclo de debates sobre o “silêncio dos intelectuais”. Os intelectuais continuam falando, escrevendo e atuando. Ainda têm menos espaço e são minoria pois para cada Marilena Chaui temos cinco ou seis articulistas superestimados, deslumbrados e semi-alfabetizados. Agora que culpa têm os intelectuais se os jornalistas não sabem ler?

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente post, e ótimo comentário sobre a postura da mídia frente ao "Silêncio dos Intelectuais". Haja paciência...

Anônimo disse...

"O blogueiro ainda tem em comum com muitos jornalistas o fato de não precisar abandonar seu computador para publicar os textos. Como ninguém apura nada e o ar-condicionado das redações impede o trabalho duro, muitos jornalistas transformaram-se em blogueiros de luxo."
Uau! Na mosca.

Anônimo disse...

Isso mesmo, Adriano, na veia.