domingo, julho 24, 2005

Estamos perdendo

Nos pronunciamentos sobre os atentados do dia 07/07, Tony Blair afirmou que os ingleses não seriam vencidos pelo medo e a rainha Elizabeth disse que o terrorismo não alteraria o modo de viver dos ingleses. Os discursos em defesa da liberdade foram respostas altivas e de confiança dentro daquilo que o momento exigia. Exortavam a população à retomar as atidades regulares o mais breve possível porque seria a mais eloqüente resposta ao terror. Orgulhosos de seu regime, os ingleses entenderam a mensagem e atenderam a rainha. Só esqueceram de avisar a polícia.
Duas semanas depois, após os novos e felizmente frustrados atentados, a polícia britânica executou (cinco tiros na cabeça não permitem o uso de outro verbo) um jovem suspeito numa estação de metrô diante de alguns passageiros. O Estado de Direito já havia ido às favas quando souberam mais tarde que se tratava de um inocente eletricista brasileiro correndo atrasado para o trabalho.
"Essa tragédia só vem adicionar mais uma vítima ao total de mortes pelas quais os terroristas são responsáveis", declarou o prefeito de Londres, numa frase lapidar para a compreensão das atuais relações entre o Estado e o terrorismo. Na barbárie, a responsabilidade é sempre do outro.
Acreditava-se que o avanço tecnológico e a precisão dos novos armamentos restaurassem a diferença entre os combatentes e os não-combatentes, desaparecida nas guerras do século XX. Com elas os terroristas aprenderam rápido e aprimoraram a disseminação do horror e sofrimento entre os não-combatentes. Por outro lado, o atual conflito no Iraque mostra que os Estados continuam dando o exemplo. O Iraq Body Count calcula que 9% dos civis iraquianos mortos foram vítimas de atentados terroristas, enquanto os 91% restantes foram vítimas das ações das tropas aliadas.
Quando o Estado não respeita as regras que ele mesmo criou nem os valores que defende, fica muito difícil definir o que é terrorismo. Os londrinos provavelmente não estarão mais seguros com fuzilamentos de suspeitos em estações de metrô. A humanidade está em desvantagem e para nossa desgraça, em termos de coerência, os terroristas estão vencendo.

7 comentários:

Anônimo disse...

Muito, muito bom. Conciso e preciso. Parabéns.

kellen disse...

Muito, muito, muito bom de novo. Vou indicar lá no Brincar de Viagem, tá?

Anônimo disse...

De fato. Um dos melhores textos de sua autoria que eu já li.

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