domingo, julho 03, 2005

Legenda

Trechos da entrevista de Chico Buarque concedida ao espanhol La Vanguardia e publicada esta semana por aqui:
Uma vida rodeado de mulheres.
Sim, irmãs, filhas, netas.
(...)
Sempre fugiu da fama?
Não, participei de festivais e busquei o reconhecimento para meu trabalho. Mas logo aparece a fama boba, oca, que é a sombra do reconhecimento e que fala se o artista está gordo ou com quem vai para a cama.Há 40 anos não era assim.
(...)
Por que teremos chegado a esse ponto?
Nunca vi um movimento geral de idiotice como o de agora.Mas em meu país, de 15 anos para cá, vem crescendo perigosamente. A idiotice nos rodeia, eu mesmo tenho medo de me tornar idiota...
(...)
Falemos de épocas mais intensas.
Não sou nostálgico, não penso que éramos mais bonitos, mais magros e mais felizes, embora tudo isso seja verdade. Não me agrada recordar nem os anos 60 nem os 70, dos 80 não me lembro, e nos 90 começou a idiotice. Nunca estive de acordo com o que me cercava. Me agrada estar vivo, fazer as coisas em meu ritmo, sem pressões.
(...)
Para quem escreve as letras de suas canções?
São 'cantadas' para mim mesmo: é formidável, experimente, diga-se coisas bonitas. Me lembro de Vinicius de Moraes, que quando viajava sozinho e tinha sonhos se cantava canções de ninar e passava a mão no rosto até adormecer. Eu tentei e não funcionou.
(...)
Como é a sua mãe?
Tem 95 anos e repete constantemente, 'Juízo e alegria!', e eu lhe digo: 'Mamãe, ou juízo ou alegria.' Meu pai era um sonhador e ela equilibrou seu lado boêmio, impunha a disciplina mas com muito sentido de humor, com isso: com juízo e alegria. Sete filhos!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ai, que delícia de entrevista...Muito obrigada por publicá-la aqui. Como posso ter acesso na íntegra, onde foi publicada?
Aquele Abraço,